A cidade inteligente do Complexo Portuário do Pecém está cada vez mais próxima. Com 50% dos lotes vendidos, o empreendimento de Luciano Cavalcante é assinado pelo urbanista Jaime Lerner, três vezes prefeito de Curitiba. O conceito, bem como o vislumbre de uma explosão de negócios na região é detalhado durante a participação do empresário no programa Mercado Imobiliário, da rádio POVO/CBN, com apresentação do jornalista Jocélio Leal.

 

Na entrevista, Luciano explica por que o conceito dessa smart city é diferente do Alphaville, à medida que se integra ao lado de fora. Segundo ele, os compradores são de médio nível, e as parcelas são acessíveis. O investimento é bom a longo prazo, melhor do que um carro, devido à valorização da região, conforme argumento do empresário.

Luciano também fala do hotel na Praia de Iracema quase pronto para operar, à venda por R$ 60 milhões. São 13 andares com 234 apartamentos, e diárias que devem custar cerca de R$ 150. O público-alvo: franceses, até porque a Accor já terá Ibis com 81 unidades no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Fora a chegada da Air France-KLM, com voos diretos de Fortaleza a Paris.

 

O POVO: Você esteve na Holanda, no começo do ano passado, naturalmente vislumbrando a cidade planejada?

Luciano Cavalcante: É uma cidade inteligente, chama smart city hoje, né? Quando começaram o Porto do Pecém, nós tivemos oportunidade de comprar a fazenda Coité, que pertencia ao senador Zé Macedo desde 1949. Então, o senador gostava muito da fazenda, mas com o tempo ele preferiu transferir todo o gado para Quixeramobim e, naquela época, em 49, dizem as pessoas que frequentavam a fazenda, demorava quase um dia saindo de Fortaleza, em um jipe, pra chegar naquela região do Pecém, que é à margem do rio Cauype.

 

OP: Você vai manter aquela casa (da fazenda)?

LC: Vou manter tudo, vou fazer um Centro Cultural lá. A casa de farinha nós já reformamos e as pessoas em torno da região, essa semana mesmo vão fazer a colheita e vão fazer a farinha. O início foi isso, nós compramos em 95 e já prevíamos o crescimento daquela região, e agora, mais recente, contratamos o escritório urbanístico do professor Jayme, que é um dos maiores urbanistas do País. Serão cinco etapas, uma cidade para 32 mil habitantes. Iniciamos agora a primeira etapa, no dia 4 de fevereiro nós vamos fazer um churrasco para as pessoas que já compraram, mostrar a obra que já iniciou, de infraestrutura. Nós já vendemos quase 50% do empreendimento e estamos com as vendas muito boas.

 

OP: Quem compra um lote como esse está pensando em segunda residência?

LC: Não, o perfil não é de segunda residência . Nosso empreendimento fica na margem da CE que dá acesso ao Pecém, a CSP, a todas as indústrias. As pessoas querem morar lá e a cidade foi feita, tem posto de gasolina, tem previsão para o shopping center, farmácia. O Deusmar (de Queirós) da Pague Menos já comprou o lote lá.

 

OP: É verdade que ele falou que quando tiver 400 casas ele monta uma farmácia?

LC: É, ele comprou para isso. Tenho reunião com dono de hospital, não vou dizer quem, mas a pessoa quer fazer já o hospital na região. Então, tem área pra universidade, tem áreas para colégio. Realmente, é uma cidade que vai dar um apoio total àquela região. Ou seja, 32 mil habitantes é quase a população de São Gonçalo do Amarante.

OP: Esse pessoal compra com perspectiva de se mudar quando?

LC: Inicialmente nós vamos terminar a infraestrutura, que está prevista para 2018, e depois as pessoas entram com o projeto. Nós fizemos uma pesquisa com uma empresa de São Paulo, Campinas, que 300 casas voam ligeiro.

OP: Você diz que o projeto Cauype se integra com a Cidade.

LC: Fortaleza você não consegue a segurança porque hoje você vê que muitos muros, mas já estão trocando muros por vidro. Essa segurança que você está vendo no muro, você não tem condição de andar um quarteirão na calçada murada, porque você fica inseguro, as pessoas que estão dentro do prédio não vê fora, nem fora vê dentro. Mas, com esses vidros, você tem a sensação de segurança de estar na calçada. Então, essa insegurança você não vai ter numa cidade sustentável como a Cauype, não ter a segurança de andar na rua como no Rio de Janeiro.

 

OP: Quantos já foram vendidos e qual é o ticket médio?

LC: O ticket médio é R$ 45 mil. São 150 parcelas de cerca de R$ 300. Nós já vendemos 50% do empreendimento.

OP: Em relação já ao outro empreendimento, LC Corporate Green Tower, você conseguiu repassar os custos às pessoas?

LC: É difícil repassar os custos tanto de ser um “green building” quanto o custo de você ter colocado materiais melhores. O piso é mármore italiano verde, não é brincadeira não. Você chega lá e sente “que cheiro gostoso”. Você sente o clima, porque lá é ar condicionado, aí é geladinho. Eu não conheço nenhuma recepção de prédio que tenha ar condicionado. Nenhum. Ainda tem uma música, um clássico que fica tocando. Aí a pessoa tem o som, o cheiro, a beleza do prédio, entendeu? E o olfato.

OP: O que eleva são os materiais, a questão da certificação sustentabilidade Leadrship in Energy and Enviromental Design (LEED) não?

LC: O que eleva, vamos supor, os vidros são triplos, na nossa fachada de vidro entra a luz e não entra o calor. Aí nós temos o reuso da água, que custa caro. Nós temos a economia de energia também, que tem que estar. Durante a construção, você tem que lavar o pneu do carro, você não pode fumar na obra. É uma série de pré-requisito, ter esses ar-condicionado, tem esses filtros de ar que tiram toda a impureza do ar e os ácaros e custam caríssimo. Cada filtro desse é uns R$ 500 mil hoje. Tudo isso, os prédios convencionais não têm, então isso aí, quando você soma aumenta de 7 a 10% do custo da obra. Aí ninguém valoriza, você quer comprar uma Mercedes, uma BMW, mas quer pagar o preço de um carro nacional, isso é normal. Mas, as pessoas que conhecem, que sabem, que entendem, essas pessoas que são mais informadas, elas pagam. Quis fazer um negócio que ficasse novo mais de 30 anos.

 

OP: O senhor colocou o hotel nas imediações da avenida Monsenhor Tabosa à venda. Desistiu da hotelaria?

LC: Nós não estamos da desistindo da hotelaria, nós estamos terminando um hotel Ibis com 234 apartamentos. Nós começamos esse hotel porque nós estávamos fazendo um prédio, era cinco por andar, 100 apartamentos, apartamentos de dois quartos com 45 m² naquela região da Monsenhor Tabosa, Praia de Iracema. Então 45 m² você consegue botar dois quartinhos e para vender pra cara solteiro, casal já que sem filhos (morando junto), então apartamento pequeno na região da Praia de Iracema, Monsenhor Tabosa. Aí o presidente da Accor, a gente estava com um projeto na Lagoinha, de 240 apartamentos. Então, eles vieram aqui, Fortaleza, ah, nós estamos precisando para um Ibis porque a demanda para cidade, para Fortaleza, e maior de que hotel de praia, entendeu. Aí eles me convenceram a transformar esses apartamentos em 234 de hotelaria. Aí nós fizemos um contrato com eles, e todo o projeto que estava pronto nós perdemos, e começamos esse hotel Ibis que nós estamos terminando, mais 90 dias, 120 dias fica pronto, nós estamos no acabamento. Logo depois do Carnaval, a gente vai derrubar o muro. Mas esse hotel nós fizemos para vender, nós íamos vender 100 apartamentos. Só que é mais fácil vender hotel para um grupo só e, principalmente agora, com essa vinda da Air France, e a Accor é uma cadeia francesa, o francês é muito bairrista. Nós estamos oferecendo no mercado por R$ 60 milhões e já uns dois a três grupos interessados porque a rentabilidade é muito boa.

Fonte: O Povo