*Matéria publicada pelo jornal O Povo, no dia 20 de outubro.

A segunda edição da Expo Market Condomínios, este ano em dois dias, termina hoje, 20. O evento gratuito inicia a programação às 10h. A Associação das Administradoras e Condomínios do Estado do Ceará (Adconce) marca presença na feira em um lounge com venda de produtos e serviços para condomínios. Rodrigo Guilhon, presidente da Adconce, participou do último programa Mercado imobiliário, da Rádio O POVO/CBN, ao lado de Thiago Machado, diretor do Instituto Ecozilla, empresa de soluções sustentáveis para condomínios.

Thiago palestrou ontem na Expo Market e traz um assunto de futuro: sustentabilidade em condomínios. De geração de energia própria a coleta seletiva, aderir ao desenvolvimento sustentável verde traz resultados para o planeta e para o bolso dos condôminos.

Os convidados falam ainda do papel do síndico, como resolver alguns conflitos entre moradores, as novidades em tecnologia verde e comentários sobre a polêmica envolvendo o aplicativo Airbnb e a expansão cada vez maior das portarias virtuais.

OP – Em que medida vale a pena um condomínio delegar sua gestão a uma empresa?

Guilhon – Hoje a gestão condominial é bem complexa. A gente entende que é praticamente impossível uma pessoa ter conhecimento de segurança, de gestão de pessoal, de cobrança, de inadimplência, legislação trabalhista, sustentabilidade. São várias situações complexas que a assessoria ajuda bastante na gestão condominial. Estamos passando hoje, por exemplo, da implantação do eSocial, uma ferramenta do governo que vai abranger várias informações na área previdenciária, na área trabalhista, FGTS. Só uma penalidade por uma informação equivocada é muitas vezes superior ao que você paga mensalmente para uma administradora. O erro custa bem mais caro. De fato, você tem um custo pela gestão, mas é um custo que se paga tranquilamente até porque a penalidade é bastante considerável com a implantação, por exemplo, do eSocial.

OP – Existe ainda no senso comum um desconhecimento do que vem a ser sustentabilidade. Como você avalia a sensibilidade dos condomínios para o termo sustentabilidade?

Thiago – A questão da sustentabilidade é realmente um divisor de águas. Nós estamos falando entre o velho mundo e o novo mundo. O novo mundo onde as pessoas estão realmente mais voltadas a não somente o conceito, mas a pôr em prática. Sustentabilidade vem apontando o que é o estilo de vida, a moradia do futuro. Aquela que tem um custo de vida mais baixo, aquela que é mais valorizada, um imóvel mais valorizado, aquela que tem uma gestão mais moderna, que tem serviços, opções e soluções para desde acessibilidade até a qualidade de vida e bem estar do morador. Por falta de conhecimento sobre as soluções, por falta de conhecimento de quem está vendendo, por quanto está vendendo, quem são as entidades que estão facilitando, financiando essas soluções, e a que tipo de custos, a que juros, taxas. Então isso tem feito que muitas infraestruturas percam o timing que a sustentabilidade hoje oferece pelo menos na opção que seja, por exemplo, a questão econômica. Então tirando maior proveito das soluções que existem hoje, na questão de eficiência energética, dos recursos hídricos que otimizam tantos os recursos naturais como as contas que o prédio tem, mais cedo esse prédio vai economizando dinheiro, reduzindo custos físicos.

OP – Qual tem sido o grau de expansão da portaria virtual em Fortaleza?

Guilhon – Não tenha dúvida de que é um negócio em franca expansão em Fortaleza. É uma tendência, principalmente em condomínios com poucas unidades. Acredito que esse é um produto que se adequa melhor para condomínios com até 30 unidades.

OP – Mais do que isso você acha inadequado?

Guilhon – Eu acho que vai ficar um custo elevado para empresa cobrar do condomínio e vai ficar muito próximo do custo da mão de obra orgânica. Mas a principal mudança que eu acredito que tenha acontecido com a implantação da portaria virtual é a mudança de comportamento, a mudança cultural que os condôminos têm que ter com essa nova modalidade. Acostumar-se a não ter o porteiro. Muitas pessoas hoje chegam e saem da unidade do seu condomínio e vão sair de carro, por exemplo, ele abre o portão e já vai logo embora, não espera o fechamento do portão. Quando ele chega, quer entrar imediatamente. Eu, por exemplo, trabalho com os dois produtos. E a gente vende, não tenha dúvida, preço e serviço. Praticamente o custo da portaria virtual é de 50 a 60% da mão de obra orgânica. Hoje em dia uma portaria terceirizada custa em média de R$ 13 mil a 14 mil. E a portaria virtual, dependendo da quantidade de unidades do condomínio, custa aproximadamente R$ 6 mil ou 5 mil. E se forem pouquíssimas unidades, 10, 12 unidades, como os condomínios mais antigos, pode chegar a custar até R$ 4 mil.

OP – Qual o perfil do síndico hoje?

Guilhon – Não tenha dúvida da capacitação que se é cobrada dos síndicos hoje. Por isso que está sendo criado um novo nicho de mercado, a questão do síndico profissional. Você tem que ter inúmeros conhecimentos de diversas áreas: trabalhistas, a parte de cobrança, de segurança. Então o síndico cada dia que passa tem que ter mais disponibilidade de tempo, tem que ter capacitação, conhecimento de várias áreas. A figura antipática que a gente via antigamente do síndico está mudando porque apesar desse conhecimento todo, ele tem que interagir bastante com os condôminos, ter um bom relacionamento interpessoal com todos.

OP – Os novos empreendimentos tem muito mais áreas comuns, sem tanta área privativa. De que forma isso impacta nos custos do condomínio?

Guilhon – Cada dia que passa, área privativa fica menor, e os chamados condomínios clubes ganham mais espaço, ganham mais corpo. Isso repercute diretamente no custo da taxa de condomínio, acho que também por conta da insegurança que a nossa sociedade vive. Hoje os clubes sociais praticamente não existem mais. Áreas privativas bem pequenas, área comum cheia de utensílios, área para animais, para crianças, para atividades físicas, sustentáveis. Temos condomínios agora até para recarga de veículos elétricos. Então não tenha dúvida que isso tem um custo significativo nas manutenções, fora a mão de obra.

Serviço

2º Expo Market Condomínios

Hoje, das 10 às 18 horas

Evento Gratuito

Inscrições e mais informações: expomarketcondominios.com.br

Pets e vizinhos

Sobre condomínios que restringem o número de animais por morador, Guilhon considera “inconstitucional”. Cita o caso do pinscher, raça considerada “perturbadora”, mas que é de porte pequeno. “Não adianta você criar aqui um pinscher, se vai ter a inconveniência de qualquer pessoa que passar na via e ele escutar, ele vai (latir)”. Para Guilhon, a questão é o convívio da boa vizinhança, não a quantidade. “A questão do porte é o bom senso, dificilmente você vai criar um cachorro de grande porte dentro de um condomínio”, completa.

Fonte: O Povo